domingo, 5 de janeiro de 2014

Primeiro treinamento do ano!

Treinamento de hoje!

A Trupe está preparando um espetáculo novo, desta vez dirigido por Cristian Paz, estudante de Dança no IFB (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília). Hoje foi o terceiro treino desse novo espetáculo. Descrevo a seguir um pouco do que fizemos hoje.
Mike de Brito começou com a preparação de atores. Fizemos:
  1. aquecimento com malabares: cada um escolheu um tipo de malabar: bolinhas, devil stick, swings e argolas;
  2. alongamento, flexibilidade, flexões, abdominais e exercícios de fortalecimento das pernas: fizemos 15 flexões fechadas e 10 flexões abertas, intercaladas com pulos, abdominais laterais em dupla, abdominais de elevação das pernas, 3 pontes de 10 segundos cada uma, exercícios de flexibilidade das pernas em dupla (abertura frontal e espacate) e alongamentos de tronco, pescoço e pernas.
 Em seguida, Cristian Paz iniciou os exercícios de dança:
  1. consciência do próprio corpo: iniciamos caminhando pelo espaço e nos sensibilizando para com nosso próprio corpo e estímulos externos;
  2. movimentos circulares: cada um buscou várias formas de produzir movimentos circulares, com as diferentes partes do corpo, nos níveis baixo, médio e alto (no chão, em um nível intermediário e em pé);
  3. movimentos soltos (com parada repentina): cada um buscou movimentar-se de forma que um movimento inicial, partindo de uma parte do corpo, fosse seguido pelo resto do corpo, de forma espontânea e inercial; às vezes, Cristian pedia que parássemos na pose em que estávamos (entenderemos porque no próximo exercício);
  4. movimentos conscientes/corpo tensionado, fluidos e quebrados (com parada repentina): dessa vez, procuramos nos movimentar com plena consciência do movimento e posição de cada parte do corpo, diferentemente do exercício anterior. Novamente Cristian nos pedia para parar na pose em que estávamos, mas dessa vez deveríamos estar bem mais seguros (e confortáveis) em cada pose, já que deveríamos tê-las planejado durante a movimentação;
  5. perceber o vento: todos em pé, de olhos fechados, buscamos agora perceber os estímulos externos: os sons, o vento na pele, a textura das roupas, o contato dos pés com o chão;
  6. movimento a partir do vento: a partirdo que percebemos no exercícios anterior, começamos a nos movimentar de acordo com o vento;
  7. movimento a partir do vento em dupla (um por vez): nos movimentamos de acordo com o vento (e ideias do vento), agora em duplas; uma pessoa movimenta-se e para em uma pose consciente e expressiva, e, logo que pare, a sua dupla deve iniciar movimentação, parando quando queira, e assim sucessivamente. É importante perceber aonde está sua dupla, o que ela está fazendo, e, principalmente, quando ela parou a movimentação, exercitando novamente a percepção;
  8. movimento a partir da respiração: agora nos movimentamos de acordo não mais com o ar externo, mas com o ar interno: nossa respiração. A inspiração e expiração deveriam dar início aos movimentos;
  9. movimento a partir da respiração em dupla (um por vez): em duplas, continuamos o exercício anterior, novamente movimentando um de cada vez;
  10. compartilhar o movimento em dupla: pudemos perceber, na movimentação das duplas (eram duas), o uso do toque, diferenças de tempo de movimentação de cada pessoa (que era livre) e no contraste entre esses tempos, e a narrativa que se constrói - ou seria possível construir. Comecei a perceber as possibilidades da dança na construção de cenas e no contar de uma história;
  11. ser guiado: agora, novamente em duplas, uma das pessoas deve fechar os olhos e se deixar ser guiada pela outra, com o mínimo de contato, de apenas um dedo. Pode-se correr, levar a pessoa a se aproximar de objetos, pisar em solos com texturas diferentes e caminhar em ambientes com diferentes níveis de iluminação. Com a retirada de um sentido como a visão, os outros sentidos, como o tato e o olfato, aguçam-se, ampliando a percepção mais um pouco. Este exercício também trabalha a confiança e a responsabilidade;
  12. sensações: cheiro, textura, contato, vento: duas pessoas ficaram de olhos fechados enquanto as outras as estimulavam de diversas formas: com toques, vento, cheiros bons e ruins, barulhos e sustos; enquanto isso, as pessoas de olhos fechados deveriam perceber como seu corpo reagia a cada um dos estímulos, movimentando-se o tanto que quisessem; em seguida, trocam-se as pessoas de olhos vendados;
  13. chamar atenção da plateia/reação à hostilidade: por último, um exercício para percebermos como agimos diante de um público hostil. Dividimo-nos em dois grupos, e a única indicação dada era de metade do grupo dançar de olhos vendados para o público - a outra metade -, tentando chamar o máximo possível de atenção para si. No entanto, as pessoas que dançavam recebiam "ataques", tanto de objetos jogados contra elas - bolinhas de papel, panos - como da plateia - risos, indiferença, parar de assistir e ir fazer outra coisa. Cada um teve a oportunidade de perceber qual a sua reação e refletir sobre isso.
Encerra-se assim o treino. Temos: a ampliação da percepção, o reconhecimento de mais possibilidades de movimentação, o início da exploração da movimentação em duplas, uma maior consciência dos atributos de  velocidade, amplitude e qualidade do movimento e das possibilidades criativas da manipulação consciente destes atributos, além da reflexão sobre a atitude pessoal perante um público hostil e perante a movimentação cega, guiada por outra pessoa.

Iasmim Kali

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